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Perfil: Luis Enrique, dejeto em Madrid, craque em Barcelona

Pessoal, volto ao Bugado para divulgar um texto que fiz para a estreia da minha colaboração para o Quatro Tiempos, dedicado exclusivamente ao futebol espanhol. O perfil é de Luis Enrique, meia asturiano, que foi um dos astros de La Liga na década de 1990.

Luis Enrique chegou ao Barcelona vindo do rival, Real Madrid,
mas ainda assim conquistou a torcida blaugrana com seu estilo raçudo de jogar (tayyar.org)

Toureiro com espírito de touro bravo. Era desse modo - seja por Sporting Gijón, Real Madrid ou Barcelona - que Luis Enrique Martínez García entrava em campo a cada domingo por La Liga. Sempre aguerrido, o asturiano de Gijón personifica a melhor espécie de futebol latino na Europa: técnica na armação das jogadas com a raça peculiar para tirar a bola do adversário.

Nascido em 1970, Luis Enrique estreou na primeira divisão espanhola na temporada 1989/90, no Sporting Gijón. Em duas temporadas, nunca foi titular absoluto, mas ajudou os alvi-rubros a chegarem em 5º no seu segundo ano como profissional - feito que qualificou o Sporting para a Copa da Uefa de 1991/92. Foram apenas 36 jogos nesses dois anos, mas 14 gols marcados, uma ótima média para o meia-ofensivo destro.

O desempenho de Luis Enrique chamou atenção do gigante da capital, o Real Madrid. Em uma época pré-União Europeia - quando a entrada de estrangeiros ainda era restrita a três nomes por plantel - o meia era um diamante a ser lapidado pelos merengues. Mas Luis Enrique não despontou como o craque que todos imaginavam. Nos três primeiros anos em Madrid, o rival Barcelona levou a taça pra casa, além de conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões.

Nesse início de década, em âmbito nacional, ele fez parte da Fúria campeã olímpica em Barcelona, 1992. Na Copa de 1994, o meia foi vítima de um lance violento, mas que teve uma inédita punição: na derrota da Fúria para a Itália por 2x1 nas quartas-de-final, Luís enrique foi atingido por uma cotovelada de Mauro Tassotti. O juiz, que não viu o lance, ficou tão abismado quando os espectadores que assistiam a cena: o rosto do espanhol jorrava uma enorme quantidade de sangue. Contudo, nada foi feito durante a partida e Tassotti continuou no jogo normalmente. Após analisar as imagens da partida, a FIFA suspendeu o italiano por oito jogos e Tassotti nunca mais foi convocado para defender a squadra azzurra.

O título na temporada 1994/95 foi o ápice do meia nos merengues: 35 jogos disputados em 38 possíveis, com quatro gols marcados e a grandiosa ajuda na consagração do artilheiro chileno Iván "Bambam" Zamorano, que terminou o ano com 28 gols no campeonato nacional. Porém, o título dos rivais do Atlético de Madrid em 1996/97, aliado com a sexta posição madridista na tabela, fizeram com que Luis Enrique fosse buscar novos ares.

Mesmo sendo temperamental como poucos, não era usual o que Luís Enrique fez ao ver terminar seu vínculo com um dos gigantes espanhóis. O meia sem contrato desembarcou em Barcelona no início da temporada 1996/97 para, ao lado do também recém chegado Ronaldo, inflar a disputa entre os dois gigantes da terra do Rei Juan Carlos.

Se Ronaldo foi o artilheiro de La Liga, com performance igualada somente por Lionel Messi nessa última temporada (34 gols em 37 partidas no Campeonato Espanhol), Luis Enrique teve igualmente uma temporada brilhante. Jogando como principal municiador do ataque barcelonista, ele marcou 17 vezes em 35 jogos. O desempenho, entretanto, não evitou a terceira temporada sem conquistas do Barcelona.

Mesmo com a saída do goleador brasileiro, o asturiano manteve o ritmo na temporada seguinte, conquistando os melhores números de sua carreira: 25 gols no ano (18 em 34 partidas por La Liga). O desempenho favorável, entretanto, não se repetu na Copa do Mundo: apesar de marcar um gol, na goleada contra a Bulgária por 6x1, a Espanha ficou de fora logo na primeira fase, em um grupo onde os classificados foram Nigéria e Paraguai.

Na Catalunha, Luís Enrique permaneceu até o final da sua carreira, sempre atuando com a camisa blaugrana. Foi prejudicado em várias temporadas por lesões e improvisações, principalmente na era Louis Van Gaal, quando atuou até na lateral direita. Aposentou-se em 2004 para dedicar-se ao surf, indo morar com sua família na Austrália.

Após esse período sabático que durou quatro anos, voltou à Barcelona para seguir os passos de um companheiro de longas jornadas: Josep Guardiola. Em junho de 2008, Luís Enrique assumiu o comando do Barcelona B, caminho idêntico ao traçado por seu companheiro de meia cancha nos anos 1990. Hoje, os comandados do touro asturiano ocupam a sexta colocação na Liga Adelante, com 16 pontos em nove partidas.

Se Luís Enrique fizer seus pupilos jogarem com 50% da vontade que ele demonstrava em campo, o Barcelona terá uma nova geração de toureiros no futuro.

Luis Enrique Martínez García
Luis Enrique
Nascimento: 08 de maio de 1970
Posição: Meio-campista
Clubes: Sporting Gijón, Real Madrid e Barcelona
Seleção espanhola: 62 Jogos e 12 Gols
Títulos: Três Ligas (1995 - Real Madrid; 1998 e 1998 - Barcelona), duas Supercopas (1993 - Real Madrid; 1996 - Barcelona), Três Copas do Rei (1993 - Real Madrid; 1997 e 1998 - Barcelona), uma Copa da UEFA (1997 - Barcelona), uma Supercopa Europeia (1997 - Barcelona) e uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (1992 - Seleção Espanhola).

-x- Bruno Cassali

Insubordinação

São muitas as vezes que um funcionário qualquer chega a ponto tal de insatisfação com o serviço a ponto de brigar de fato com seus superiores.


Casos clássicos de insubordinação são punidos com avisos prévios, multas e até mesmo a suspensão ou demissão de quem portou-se mal.

A má conduta de um funcionário pode, inclusive, gerar outros questionamentos aos que comandam, acarretando em problemas de falta de comando no futuro.

Hoje, presenciamos minuto a minuto a angustiante reunião entre a diretoria do Santos e o técnico Dorival Júnior. Tema: Caso Neymar.

E eis que um resultado inédito - pelo menos para mim - acaba de ser anunciado.

O insubordinado, tão talentoso quanto mimado, Neymar conseguiu provocar tal furor na diretoria do Santos que o treinador acaba de ser demitido do time da Vila Belmiro.

Se serve de consolo, Dorival será o único que não terá seu currículo manchado por isso.

A diretoria do Santos perdeu toda a moral que tinha ao dar razão a uma molecada de um piá de 18 anos.

Neymar, garoto de talento, cada vez mais parece partir para o lado ruim da bOlERágiH, cujo patrão mor é seu ex-parceiro de Santos, Robinho.

Júnior, o comandante, manteve sua postura e tomou uma rasteira de um dirigente que não cumpriu sua palavra.

Diria o dito de uma roda de amigos: Um homem é um homem.

E Dorival mostrou ser Homem, com "H" maiúsculo.

-x-

Bruno Cassali

O jogo de Seu Luiz

Acho que faz mais de 4 meses que não posto aqui. Não que eu tenha abandonado o espaço, mas é que ando meio desiludido com alguns rumos tomados... Então, tô trabalhando pra tentar mudar isso.

O texto abaixo vai estar na edição de setembro da Revista Doentes por Futebol, publicação on line que participo desde janeiro.

Abraços aos que lerem. Ou não. Vai saber...
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O jogo de Seu Luiz - 18/08/2010

O canto era o da sorte. Do mesmo lugar, vi o São Paulo ser esmagado na primeira semifinal, em um daqueles 1x0 injustos, onde o goleiro adversário fora o melhor em campo. Faltavam três horas para o apito inicial, precisava comer alguma coisa pra ver se passava a ansiedade. Na volta do bar, meu lugar estava ocupado.

Sentei-me bem ao lado do intruso, que não demonstrava nenhum sinal de reação. O pensamento coerente dizia pra não ficar irritado com aquilo, pois éramos melhores e superstições são recursos dos mais fracos e descrentes no seu potencial. Mas eu queria o meu lugar. Escorado na pilastra, debaixo da placa do Tumelero, entre a linha da pequena e da grande área à esquerda do gol do Gigantinho.

Lá estavam duas pessoas. Que estavam ali com o mesmo propósito. Que não se conheciam. Mas compartilhavam de um mesmo sentimento: o amor pelo clube do coração.

E era óbvio que elas tinham que conversar entre si, afinal aqueles que adentravam ao gramado do Gigante da Beira-Rio eram o motivo por estarem ali. E foi justamente quando o General Bolívar, o libertador da América, pisou dentro do campo que trocamos as primeiras palavras:

- Cara, não te conheço, mas to muito nervoso... – Disse o senhor.
- Meu velho, não te preocupas. Hoje não tem como dar nada errado, olha pra esse Estádio! – argumentei, para, em seguida, cumprimenta-lo com a mão direita.

Quando os mexicanos abriram o placar, bem na nossa frente, seu Luiz me contava do seu trabalho na Polícia Civil no Partenon, um dos bairros com maior criminalidade de Porto Alegre. Ele já se apresentara contando que, para ver o jogo ao meu lado, tinha comprado ingresso para a torcida adversária. “Eu vi Falcão e os times da década de 1970, não poderia ficar de fora dessa final”, dizia ele, que não estivera no Gigante contra o São Paulo em 2006 por motivos de doença.

Debaixo de seu casaco cinza, a camisa vermelha ficava escondida dos mexicanos. Um abençoado policial que cuidava da divisória entre as torcidas foi solidário com seu drama, fazendo-o atravessar para o tão sonhado encontro com outros correligionários vermelhos.

No segundo tempo, seu Luiz era só nervosismo. “Sóbis ta mal, não segura a bola na frente. E o Nei é muito limitado, jogador só esforçado não adianta pra ser campeão!”. Quando o garoto de Erechim empatou o cotejo, seu Luiz celebrou beijando o escudo na camisa surrada, da época que Fabiano Cachaça entortava as defesas adversárias. Antes do segundo gol, ele chingara Leandro Damião.

- Esse não joga nada, nunca fez nada demais quando entrou em campo – opinou.
- Pois hoje é o dia que ele irá nos calar a boca e fazer o gol da vitória – falei sem pretensão.

Eis que, dois minutos depois, após arrancar do campo defensivo, o #21 invade a área e desempata a partida. A primeira reação do seu Luiz foi puxar o meu braço, antes da bola entrar calmamente no gol mexicano, para comemorar aos berros: “Tu disse, meu guri! Tu disse!”.

Ao final do jogo, quando Giuliano marcou seu sexto – e mais belo – gol na Libertadores, veio em nossa direção para comemorar o título colorado. Em meio a multidão enlouquecida ao ver o #11 de braços abertos no alambrado, seu Luiz não se conteve: virou para o pilar e chorou. Ao olhar para o lado, o vi no lugar onde eu deveria estar, senti-me recompensado. Nós, partes integrantes da nação alvi-rubra que marchara em direção ao Gigante durante todo o dia 18 de agosto, merecíamos aquele momento.

Talvez eu não veja mais o seu Luiz, assim como não vi o segundo gol do time de Guadalajara. Mas ambos guardaremos na memória o bicampeonato da América que vimos, lado a lado, atrás do gol do Gigantinho...

por Bruno Cassali.

Confronto do ano

Um jogo do naipe do que tivemos nesta quarta, em Porto Alegre, certamente só daqui uns 5 anos.

Não só pelos sete gols, pelo pênalti perdido, pelas bolas na trave, pelas defesas do goleiro santista no primeiro tempo. Grêmio e Santos foi grandioso como a história desses dois clubes.

Foi magistral como Renato; foi genial como Pelé; foi preciso como Pepe; foi decisivo como Jardel.

E só fez parte do confronto do ano no país: a semifinal da Copa do Brasil.

Alguns fatores extra-campo contribuiram para isso: o Olímpico lotado, com quase 50 mil pessoas apoiando as equipes; a motivação do convocado Robinho; a gana dos não-selecionados Victor e PH Ganso.

Em campo, foram dois tempos distintos, mas com muita qualidade futebolística.

No primeiro tempo, o que se viu foi um Grêmio abatido e perdido taticamente - com a improvisação de Hugo na ala esquerda e os três zagueiros marcando a distância os rápidos avançados da Vila.

Com esse panorama criado, André foi o primeiro destaque: fez 1-0 após escanteio da esquerda - contando com uma falha anormal do goleiro gremista - e ampliou o placar na sequência, depois de passe milimétrico do #10 de branco.

Aliás, o #10 de branco não era Pelé, mas foi protagonista de um lance na primeira etapa digo de tal alcunha: Ganso recebeu na área e, com Victor saindo a seus pés, tocou levemente a bola por cima do goleiro. A esfera, caprichosamente, beijou o travessão para completar o magistral lance, como de afirmasse que o bonito não é fazer o gol e sim acertar o local mais difícil na meta.

Com 0-2 no placar, Silas buscou consertar seu torto Grêmio em campo com uma realocação de peças: Hugo voltou a ser meia, Mário Fernandes foi jogar na lateral direita e Edílson, improvisado, foi parar do lado esquerdo do campo.

As mudanças surtiram efeito ainda antes do intervalo: William Magrão fez grande jogada pela esquerda e foi derrubado por Durval dentro da área. Porém, na cobrança do pênalti, Jonas bateu mal, no meio do gol, e Felipe defendeu com os pés.

Felipe, jovem goleiro santista que não passa o mesmo encantamento futebolístico que o trio ofensivo Ganso-Neymar-André, era outro dos destauqes do tempo inicial da peleja. Adílson e Borges já haviam parado no paredão da baixada santista antes da defesa do pênalti.

A torcida reclamava no estádio, o time não conseguia impor o ritmo de pressão que costumava fazer no Olímpico e o confronto parecia definido ainda que estivesse terminado somente a primeira parte das quatro que compõem um confronto de mata-mata.

Mas o futebol adoora aprontar das suas. E os deuses que o comandam pareceram trocar a chavezinha que controla quem daria espetáculo em campo para o segundo tempo...

E outro dos personagens da partida entrou em cena: Borges, o matador inapelável.

Quando nada parecia ter mudado, o #9 tricolor aproveitou a falha da zaga santista para descontar. Em seguida, Douglas roubou a bola no meio-campo e, após passar por Jonas, a jogada terminou com o bico da chuteira de Borges empurrando a bola pras redes.

O jogo estava empatado em dois lances fatais para um jogador do Santos: Rodrigo Mancha.

O volante entrara em campo para substituir Marquinhos e dar uma força maior de marcação ao time de São Paulo. Mas com ambas falhas dos gols gremistas indo parar na sua conta, Dorival Júnior foi rápido no gatilho e tirou o centro-médio de campo, proporcionando aos espectadores do jogo pela TV uma cena engraçada, mas também triste e lamentável: Mancha, visivelmente transtornado pelos ocorridos, balbuciava palavrões e chingamentos a si próprio enquanto socava o reservado dos visitantes.

Com o 2-2 no placar, já tínhamos um grandioso espetáculo em campo. Mas se Borges marcou, o outro membro da dupla infalível tricolor não poderia ficar apra trás. E Jonas fez isso em grande estilo: um chutaço da entrada da área, no ângulo de Felipe, para colocar o Grêmio na frente.

O Santos estava atordoado em campo. A torcida enlouquecia nas arquibancadas com a virada improvável. Silas agradecia aos céus o milagre em campo. Mas a dupla mais infernal do Brasil sacudiu as estruturas do Olímpico novamente. Jonas lançou Borges em condição legal. E o camisa #9 enquadrou o corpo antes de colocar no canto esquerdo de Felipe.

O 4-2 no placar era enganoso e cruel. Enganoso porque se falássemos em 5-5 não estaríamos diante de uma falácia. Cruel pois a bola jogada pelo Santos na primeira etapa não merecia dois gols de diferença contra si no placar.

E a justiça divida resolveu colocar mais emoção ainda para os 90 minutos finais dessa disputa com outra oubra prima de Paulo Henrique Ganso. O jovem paraense dominou em frente a área, sem espaços, e lançou com primor a bola no peito de Robinho, para este estufar as redes defendidas por Victor.

Sabe aquele jogo que todo mundo estava lá vendo, que todos guardam com carinho na memória? O Grêmio 4 x 3 Santos de ontem já entrou nesse roll de partidas memoráveis do futebol.

E olha que ainda faltam outros 90 minutos...

-x- Bruno Cassali

Gre-Nal 380

Em jogo com cara de clássico Gaúcho - campo molhado, jogo pegado e alguns bate-bocas -, o Grêmio saiu-se vitorioso do primeiro jogo da final do Gauchão 2010, praticamente conquistando o caneco com o 2-0 de hoje, em pleno Beira-Rio.

Silas, sem nenhum lateral esquerdo disponível, optou pelo jovem zagueiro canhoto Neuton no setor. A mesma aposta fez Jorge Fossati, improvisando Juan na posição do lado vermelho.

No restante dos onzes iniciais, nada de muito diferente do que anunciava: Hugo substituiria Douglas, suspenso, e o Inter vinha completo, mesmo que o maior enfoque seja na Taça Libertadores da América.

No jogo, o primeiro tempo começou equilibrado até Borges perder um gol cara a cara com Abbondanzieri. O lance parece ter acordado o colorado, que dominou a metade final do 1º tempo. Wálter obrigou Victor a fazer grande defesa. Na sequência, o goleiro da seleção brasileira falhou na saída do gol e Edílson salvou o Tricolor em cima da linha fatal.

Na segunda etapa, Ferdinando deu lugar a Adílson, renovando o fôlego da marcação gremista e o lado azul tomou conta do jogo. D'Alessandro voltou a esconder-se na ponta direita, esquecendo de armar os vermelhos, enquanto Borges e Jonas tripudiavam em cima de um apático Juan.

Em escanteio da direita, Sorondo não alcançou a bola, Rodrigo ganhou de Sandro na velocidade e cabeceou pro gol: Grêmio 1-0.

A vantagem gremista obrigou Fossati a abrir o time colorado, tirando Sandro para a entrada de Edu. Com isso, um paciente Grêmio manteve a posse da bola e, no final, matou o confronto: falta da direita e o matador Borges cabeceou livre no segundo poste para ampliar: Grêmio 2-0.

O confronto - em consequência, o título - está definido. A vantagem construída pelo time de Silas é muito grande e permite ao Grêmio jogar como mais gosta historicamente: com o regulamento debaixo do braço.

Agora, mudança de foco para a dupla: no meio de semana, o desafio vale muito mais que a conquista regional.

-x- Bruno Cassali

Os 23 de Dunga

O clamour popular por jogadores que não irão à Copa começou com Ronaldinho, há dois meses.

Hoje, os focos da mendigância do povo para com Dunga são Ganso e Neymar, dupla de garotos formada na Vila Belmiro que está arrebentando no início de 2010.

Mas a coerência das convocações desses quase quatro anos da Era Dunga no banco de reservas me faz crer que exite apenas uma vaga em jogo entre os 23 que irão para o Mundial da África do Sul, que começa em 11 de junho.

Júlio César, Victor e Doni serão os goleiros. Gomes, em caso de lesão de algum dos três, é a opção #4.

Os melhores laterais direitos do mundo - Dani Alves e Maicon - são, hoje, inquestionáveis.

Na esquerda, a confiabilidade não é nem de longe a mesma que na direita. Mas Gilberto e Michel Bastos parecem ter garantido a vaga nos últimos jogos. Kléber? Marcelo? André Santos? Todos parecem ter queimado o filme com o professor.

Na zaga, Thiago Silva ficou com a quarta vaga depois desse início de 2010 desastroso de Miranda. Luisão, Lúcio e Juan estão sólidos em suas posições desde 2006.

Kaká, Júlio Baptista, Elano e Ramires são os meias - mesmo apenas um deles sendo armados por natureza.

O ataque, mesmo com os problemas de Adriano e a recente má fase de Robinho - obscura hoje em dia pela sua volta ao Brasil e o excelente time do Santos -, chegaram a colocar em cheque o quarteto escolhido. Mas os dois, junto com Nilmar e Luís Fabiano, representarão o Brasil na Copa 2010.

A vaga que sobra no grupo está volância: Felipe Melo - mesmo na obscuridade na Juventus -, Josué e Gilberto Silva são imutáveis, três homens de confiança de Dunga.

A outra vaga, recentemente ocupada por Kléberson, ainda está em jogo, muito em função das possibilidades de multifuncionalidade dos laterais e meias, que jogam tanto em suas posições de origem quanto quebram um galho como #5 ou #8.

Anderson já foi chamado mas está fora dos planos. Sandro, do Inter, foi convocado recentemente e pode ser surpresa. Mas esxite grande chance dessa quarta vaga mudar de função e aparecer um quinto meia ou atacante.

E aí mora a chance de UM ÚNICO JOGADOR ir à Copa.

Quem sabe um meia, como Ganso ou Ronaldinho.

Ou será um atacante, como Neymar - ou quem sabe o rechonchudo Ronaldo.

Mas creio mesmo que irão Kléberson ou Sandro, com maiores possibilidades para o colorado.

Como dizem por aí: anotem...

-x- Bruno Cassali

Sobre escritas e elogios

Escrever sobre elogios me parece coisa de egocêntricos incuráveis. Mas quando os elogios vem de pessoas que nunca te viram na vida e das que convivem contigo em quase todos os momentos, deve ser sinal de que o trabalho está sendo bem feito.

Há pouco mais de dois meses, um novo projeto consome boa parte de meus momentos livres. Mas tá sendo tão bacana e tão lisonjeante participar desse novo mundo, mesmo que ele não seja palpável, que todo o suor vale a pena.

Ainda mais quando essa dedicação é compensada com algumas frases que prestigiam teu trabalho.

Quem elabora textos sabe o quão difícil é acertar o ponto das críticas junto com os dados da informação. O resultado de um complexo trabalho de junção de ideias nem sempre é interessante. Diria que, às vezes, mal beira o satisfatório.

Mas, chegando ao terceiro produto dessa nova jornada, recebendo alguns gloriosos toques e palavras sinceras de parabenização pelo trabalho realizado, começo a achar que valha até mais esforço esse caminho recém desbravado.

Vai dar certo, ah vai..

O Inter de Fossati

Me recusando a falar sobre o jogo em horário de balada de ontem (hoje?), me foquei em analisar os esquemas das equipes em campo, sem me preocupar com o que e quem fazia as coisas acontecerem no gramado.

Na Libertadores, o Inter joga com sua força máxima disposta pelo treinador, Jorge Fossati, em seu esquema favorito: 3-6-1. Mesmo com Edu, atacante do origem, em campo, a disposição das peças não muda nem por decreto.

O goleiro, Pato Abbondanzieri, foi contratado por dois motivos primordiais para o time/grupo: primeiramente por ser uma liderança nata, uma pessoa acostumada a ganhar, principalmente nos torneios continentais. "Segundamente" por ter uma saída de bola rápida e qualificada, capaz de armar contra-ataques ou se tornar a principal arma ofensiva (:O) da equipe - como foi agora há pouco, no Equador.

O trio de zagueiros está presente para dar segurança a zaga. Um é mais lento (Sorondo contra o Deportivo Quito, mas Bolívar é o titular da posição), sobra na marcação dos atacantes e é a segurança nas bolas aéreas. Os outros dois jogam um de cada lado e serviriam, na teoria, para desafogar a saída de jogo pelas laterais quando os espaços rarearem. No Equador, Juan foi muito bem defensivamente e Índio não comprometeu o sistema de retaguarda. Mas a parte da ajuda com a bola nos pés... Bem, esquece. A altitude não pode ser desafiada, dizem por aí.

A dupla de volantes também ajuda, no papel, a armar a equipe com a bola nos pés. Porém, a marcação é o forte real de Sandro e Guiñazú. Um é o #5 clássico, jogando com o estilo esguio de um #8 tradicional. O outro é o #8 pelo lado esquerdo, apesar da camiseta levar o #5 nas costas.

Nas laterais, o equilíbrio teórico de um esquema com 3 zagueiros faria com que, ordenadamente, sempre um deles tivesse no apoio. Bruno Silva já mostrou ter fortes limitações na questão ofensiva. Marcar é a dele, passando assim a obrigação de municiar os homens mais avançados do time para Kléber. Mas este tem a Síndrome de Riquelme: longíquos e frequentes sumiços em campo, como se o plug da tomada fosse desligado repentinamente e as pessoas demorassem a perceber o ocorrido.

Com esse excesso de gente na metade defensiva do gramado, o atque fica abandonado, com três almas penadas vagando sem sentido e rumo, como invasores em terras alheias.

Giuliano, centralizado ou mais à direita do campo, atua(ria) como elo criativo, realizados da função original de um #10. Seu porte físico e a marcação dos adversários o fazem sucumbir em meio a imensidão da intermediária adversária povoada por volantes inimigos. Criar, só se for dentro da área ou tocando a bola para trás, pois em progresso - sem nenhuma ajuda - só em lampejos de genialidade.

Edu é um novo Ronaldinho. Mais velho, tão experiente quanto, atuando na mesma posição, da mesma forma, com a mesma vontade que o #80 milinista: NE-NHU-MA. Parece lutar contra adversários de porte de um Maicon, um Daniel Alves, quando na verdade joga diante de um zagueiro/lateral direito qualquer e insignificante.

Na centroavância, Alecsandro só não morre de fome porque é voluntarioso. Se não voltasse para os escanteios e não se dispusesse a ajudar na marcação da saída de bola, tocaria na bola menos de 5 segundos por jogo. Ontem, preso entre três zagueiros, sua obrigação ainda sim foi quase cumprida a risco quando, após o único momento lúcido/criativo da equipe no jogo, inventou um remate de primeira da entrada da área e acertou a trave do goleiro equatoriano - ou seria argentino, já que eram muitos os "hermanos" no adversário do topo do morro.

O que mudar, antes que a vaca vá para o brejo? Fossati? Não. O jeito de jogar de Fossati? Talvez. O time do uruguaio tem que jogar mais, propor disputa, arriscar-se ofensivamente. Quer jogar com três zagueiros, tire Sandro ou Guiñazú do time, colocando mais um atacante de ofício na parada. Trocar a segurança do trio defensivo por alguém de mais criatividade me parece a discórdia pontual entre o que joga e o que pode jogar a equipe alvirrubra.

Soltar-se diante do Avenida, do São Luiz, mesmo atuando em potreiros do interior do Estado, nada mais é que impor sua grandeza diante dos outros clubes. E isso pode, deve, tem que ser feito também (e principalmente) em competições continentais como a Libertadores.

Porque vence quem joga bola, não quem tem medo de jogar.

-x-
Bruno Cassali

Grenal de Erechim, versão 2010

Assim como a nomenclatura dos turnos do Gauchão (Taças Fernando Carvalho e Fábio Koff), repetiu-se em 2010 o mando do único clássico Gre-Nal garantido por tabela no campeonato estadual. Erechim tem como palco o Colosso da Lagoa, estádio com bom aspecto geral e grande o suficiente para abrigar um evento dessa magnitude.

Fossati, no segundo jogo oficial de seus principais comandados, manteve o esquema de três zagueiros, mas colocou o veloz Taison na frente em detrimento a Andrezinho, já que D'Alessandro está fora pelo menos por um mês.

Silas, com elenco menor em quantidade e qualidade técnica que o rival, escalou o que tinha de melhor e contou até com uma boa partida de sua equipe, mas foi extremamente infeliz nas substituições e, de lambuja, ganhou um problema gigantesco para a sequência da temporada: Souza saiu de campo com um problema no joelho que deve afastá-lo do time tricolor por algum tempo.

Victor, goleiro da seleção brasileira, mais uma vez foi o nome gremista no clássico: fez grandes defesas no primeiro tempo após duas cabeçadas coloradas e uma chegada na pequena área de Alecsandro.

Pelo lado vermelho, Giuliano provou ser imprescindível ao time alvi-rubro, sendo o responsável pelo primeiro combate na meia-cancha além de armar grande parte dos ataques colorados.

No segundo tempo, na hora onde todos pensam que nada mais vai acontecer, já que o 0-0 perdurava por mais de 75 minutos, brilhou a estrela de Fossati e seu banco de reservas mais qualificado. Andrezinho, que adentrara no gramado em lugar do exausto Giuliano, fez lançamento longo para Edu, substituto de Taison, que literalmente tomou uma bola nas costas, desviando a pelota da zaga gremista e deixando-a na feição para o balaço de primeira do centroavante Alecsandro: Inter 1-0.

A perspectiva de melhora colorada deixa a impressão de que, dia 23, na estreia da Libertadores 2010, a engrenagem vai estar bem azeitada para a principal competição do ano pós-centenário.

O Grêmio fez boas contratações, manteve destaques de 2009 e apostou no comando. Se as melancias tiverem tempo para se ajeitarem no caminhão, o caminho promete ser vitorioso. Mas a continuidade do trabalho tem que ser preservada, afinal o mundo não é só Gre-nal, apesar de às vezes parecer...

-x-
Bruno Cassali

Douglas vs. Douglas

Um é Douglas dos Santos, 30 anos a serem completos em 18 de fevereiro, camisa 10 clássico, formado nas categorias de base do Criciúma, onde chegou aos profissionais em 2002. Após passagens rizespor, da Turquia, São Caetao e Corinthians, acaba de trocar o Al Wasl, dos emirados Árabes Unidos, pelo Grêmio.

O outro é Douglas Costa de Souza, 19 anos, garoto sensação das categorias de base do futebol brasileiro, formado nos campos de areia do bairro Cristal em Porto Alegre. trocou o Grêmio, onde se profissionalizou em 2008, pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia no início dessa temporada.

Dois são os fatores comuns dessa comparação: os dois Douglas tem nomes bem brasileiros, mas trajetórias de carreira bem distintas. E encontram o Grêmio em situações completamente diferentes.

O garoto formado em casa foi vendido pelo clube para saldar dívidas oriundas de outras administrações. Foi embora também por não ter correspondido a expectativa de tornar-se a estrela da companhia gremista em 2009. Douglas Costa tem muito potencial, mas mostrou muito pouco futebol nos profissionais.

O meia mais velho passou quatro longos anos no Criciúma, antes de arriscar-se pela primeira vez no futebol do exterior. Após breve passagem pela Turquia, Douglas foi destaque no São Caetano vice-campeão do Paulistão em 2007. No Corinthians, foi astro da companhia na campanha vitoriosa da Série B 2008 e da Copa do Brasil 2009. Chega ao Grêmio depois de ficar milionário por seis meses, em uma breve passagem pelo futebol dos Emirados Árabes.

Na comparação de jogo, bola por bola, o mais velho leva a vantagem momentânea de ser um nome consolidado no mundo do futebol. Me parece claro, porém, que DC tem muito mais potencial de crescimento, não só pela sua juventude, mas também pela maior qualidade técnica, mesmo que ela ainda esteja um tanto quanto obscura no futebol profissional.

O Grêmio, que gastou quase metade do valor arrecadado com a promessa no meia armador de qualidade, saiu ganhando também por conseguir repor uma peça de seu grupo gastando menos do que arrecadou.

Penso que essa situação seja um exemplo bacana de transação onde todas as partes sairam ganhando alguma coisa. Inclusive o futebol...

Faz tanto tempo...

Não prometo nada, mas me decepciono com meu comprometimento nulo com esse espaço.

Fim de ano, começo de outro. Tempo para reorganizar as ideias e colocar novos pensamentos em mente. Até em prática, quem sabe.

Dois mil e dez já tem 3 semanas, não começou com muitas mudanças. Mas planos existem e precisam de pensamento positivo e perseverança para que sejam colocados em prática.

Aprendi com o tempo que novidades não aparecem na virada do ano, com um simples mudar de numeral em um calendário planejado há séculos. Mudanças são planilhadas e executadas todos os dias, basta correr - e muito! - atrás disso.

E isso, tenham certeza, estou fazendo.

"Vambora que vamo, ae!", diz a introdução de uma música nem tão agradável, muito menos propícia para o momento. Mas a frase pontual encaixa de forma sublime no momento atual.

-x- Bruno