Busca

Pesquisa personalizada

Terminou o calvário

Sinceramente: Celso Roth é a primeira pessoa da lista de quem eu realmente nunca gostaria de ser quando crescer.

Vejamos:

Quando apareceu pela primeira vez com grande destaque, comandava o Inter em 97, melhor campanha no Campeonato Brasileiro feita pelo Inter desde 1988.

Não era um time maravilhoso como o campeão Vasco: líder absoluto da primeira fase - mas com apenas 3 pontos de vantagem para o Inter de Roth -, que serviu de base para o time que viria a ser campeão da Libertadores no ano seguinte e contava com Edmundo em sua melhor temporada no futebol profissional.

Não era um grande time como o vice Palmeiras: que tinha ainda a base do time que fizera um Paulistão memorável um ano antes, marando mais de 100 gols em todo o torneio.

Então, nada mais justo que o Colorado, onde Fabiano e Christian se entendiam por música, fosse o terceiro colocado ao final. Afinal, era um time que tinha Ânderson, primeiro volante que faltava apenas torpeçar na bola para ser chamado de brucutu, Sandoval, um meia nanico que havia rodado por inúmeros cluber e não tinha dado certo em nenhum, Arílson, problemático meia criado no rival Grêmio, e Enciso, paraguaio que jogava ora de volande, ora de meia e ora de lateral direito.

Mas Roth era vaiado, crucificado a cada jogo. Durou mais alguns meses em 98, mas logo foi demitido.

Em 2000, apareceu no Palmeiras. Levou o time, atual campeão da Libertadores à época, novamente para a final.

Porém, pegou o melhor Boca Juniors dos tempos modernos, com Palermo e Schelotto em grande forma, contando com a segurança do colombiano Córdoba no gol.

Perdeu e foi demitido. Mesmo tendo tirando o sonho da conquista da América do maior rival, ao eliminar o Corinthians de Marcelinho Carioca nas semifinais.

Eis que, depois de uma razoável passagem pelo Vasco, Roth desembarca no Olímpico após a inexplicável demissão de Vágner Mancini.

Ele, Roth, nada tinha a ver com isso e tocou seu trabalho. Fazia grande campanha na temporada, com apensa uma derrota, e jogaria a segunda partida das quartas-de-final do Gauchão 08' em casa, contra o Juventude - freguês de carteirinha do tricolor -, após ter ganho o primeiro jogo, em Caxias, por 2-1.

Começou ali o primeiro calvário no Grêmio, talvez o pior mês para Roth.

Eis que surpreendentemente o Juventude reverte o placar do primeiro jogo e elimina o Grêmio do Campeonato Estadual.

Mas o foco do primeiro semestre era a Copa do Brasil. E as forças precisavam ser focadas somente no confronto diante do desconhecido Atlético Goianiense, que havia imposto ao Tricolor a única derrota da temporada antes do fatídico enfrentamento contra o Juventude.

No jogo, o Grêmio fez o mesmo 2-1 que tomara em Goiânia, levando a decisão para os pênaltis. Nas cobranças de tiros livres da marca penal, deu Dragão, após o erro de Perea.

E o Grêmio ficara fora das duas competições do primeiro semestre em um intervalo de 3 dias.

Celso Roth foi imensamente criticado, mas a direção o mantinha no cargo. Ele, quieto, fez todo o planejamento de inter-temporada nos quase 30 dias sem jogos oficiais que teve antes da estréia no Brasileirão, diante do São Paulo, fora de casa.

A imprensa afirmava: o técnico cai se não vencer o atual bicampeão nacional no Morumbi. A frase beira o absurdo, já que o São Paulo de Muricy tinha melhor time, melhor elenco e vinha num melhor momento que o Grêmio: não podiam cobrar do Tricolor gaúcho uma vitória.

Eis que o time de Roth venceu (0-1, Pereira), dando sobrevida ao trabalho.

E ele fopi vencendo. E foi ficando. E foi ganhando mais. Chegou na liderança do Campeonato Brasileiro. "É momento! É sorte!", bradavam inclusive os gremistas, incrédulos. Como alguém tão odiado poderia deixar seu time na liderança do Brasileirão.

E ele ainda abriu vantagem no início do returno. Como cantava a torcida: O Grêmio vai sair campeão!

Mas eis que com um returno incrível, o São Paulo venceu 12, empatou 6 e perdeu apenas um jogo dos 19 disputados no returno e passou o Grêmio de Roth.

E ele foi criticado de novo. A torcida voltava a detestá-lo. "11 pontos de vantagem e não ganha?"

Mas ele ficou. De novo. Contra tudo e todos. De novo.

Em 2009, todos clamavam em alto e bom som: "O objetivo do Grêmio é a Taça Libertadores".

E na Libertadores o Grêmio massacrou o Universidad de Chile. Mas empatou em 0x0.

E na Libertadores o Grêmio massacrou o Boyacá Chicó. Mas venceu apenas por 1x0.

E na Libertadores o Grêmio massacrou o Aurora. Mas venceu apenas por 2x1, graças a um frangaço do goleiro aos 42 do segundo tempo.

Na matemática, eram 7 em 9 pontos. Perfeito, não?

Definitivamente, não. E tudo porque havia nesse meio do caminho o Gauchão. No caso, o clássico Gre-Nal.

E foram 3 em dois meses. E foram 3 derrotas. As três por 2-1.

Na primeira, o Grêmio de Roth dominou o jogo, teve mais chances, mas tomou o gol derradeiro num contra-ataque aos 37 do segundo tempo.

Na segunda, o jogo foi amplamente dominado pelo Internacional. Mesmo assim, o empate permaneceu durante toda a primeira etapa e até os 32 do segundo tempo, quando Magrão fez o gol da vitória colorada.

Na terceira, o jogo foi parelho, mas o Grêmio de Roth perdeu 3 chances incríveis e teve um pênalti não marcado pela arbitragem. Perdeu por 2-1 com um gol aos 36 do segundo tempo.

Por merecimento, Roth deveria ter ganho dois dos três clássicos. Mas o futebol não é justo.

E Roth foi criticado. Foi insultado. Foi inclusive saudado pelos rivais, que clamavam por sua permanência. E ele caiu. De novo.

Tem gente que merece melhor sorte. Celso Roth é uma dessas pessoas...

0 respostas: